IBGE estima que safra nacional de 2024 deve ser de 298,3 milhões de toneladas

IBGE estima que safra nacional de 2024 deve ser de 298,3 milhões de toneladas

Isso representa uma produção 5,4% menor do que a obtida no ano passado, mas o café conilon é destaque entre os produtos que devem apresentar elevação 

Foto Divulgação

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 298,3 milhões de toneladas em 2024, segundo a estimativa de março do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa uma produção 5,4% menor do que a obtida no ano passado (315,4 milhões de toneladas). O resultado negativo é explicado especialmente pela presença de fenômenos climáticos como o El Niño.

Na comparação com a estimativa de fevereiro, para a safra, houve uma queda de 0,8% ou de 2,3 milhões de toneladas. No entanto, entre os destaques que devem apresentar elevação, em relação à estimativa de fevereiro, está o café conilon. O aumento deve ficar em 3,2% ou 34,9 mil toneladas. Na mesma situação se encontram a cevada (aumento de 12,3% ou 50,8 mil toneladas), a aveia (4,6% ou 53,3 mil toneladas), a primeira safra da batata (3,8% ou 63,5 mil toneladas) e o trigo (3,3% ou 318,6 mil toneladas).

Conforme explica o gerente do LSPA, Carlos Barradas, está sendo observada uma boa safra de café. "Além de estar em bienalidade positiva, o clima ajudou bastante essa produção, já que tem chovido nas principais regiões produtoras, como Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo", detalha. A produção das duas espécies de café (arábica e conilon) deve somar 3,6 milhões de toneladas, um crescimento de 1,4%, em relação ao estimado em fevereiro, e de 5,6%, na comparação com o produzido em 2023.

Queda na produção de soja

De acordo com a estimativa do IBGE, a produção de soja, principal commodity do País, caiu 1,6%, na comparação com o previsto em fevereiro, e deve chegar a 146,9 milhões de toneladas. Essa quantidade equivale a uma retração de 3,3% na comparação com o total produzido no ano passado. "Em novembro e dezembro, houve muitos problemas climáticos: choveu muito no Sul, enquanto no Centro-Oeste faltou chuva", destaca Barradas. "Então houve quebra de produção, principalmente, da soja e da primeira safra do milho", completa.

A produção do milho, que deve somar 116,1 milhões de toneladas em 2024, caiu 0,6% na comparação com o estimado no mês anterior e 11,4% em relação ao produzido em 2023, quando consideradas as duas safras. "Como os preços do milho caíram, os produtores estão reduzindo a área de plantio, o que afetou a segunda safra", explica o gerente do LSPA. "Alguns produtores deixaram de lado essa produção para plantar algodão que teve um crescimento de 2,3%, em relação ao estimado no mês passado, e de 8,0%, na comparação com 2023", ressalta Barradas. A previsão é de que o algodão em caroço chegue a uma produção de 8,4 milhões de toneladas neste ano.

Mais arroz e feijão

A produção de arroz e feijão devem apresentar crescimento, conforme a LSPA. A safra do arroz deve crescer 1,7%, na comparação com o produzido do ano passado, alcançando 10,5 milhões de toneladas. E a produção do feijão também deve crescer, atingindo 3,3 milhões de toneladas, somadas as três safras, o que representa um crescimento de 2,8%, na comparação com o estimado no mês anterior, e de 11,1%, com o produzido no ano passado. Juntos, a soja, o milho e o arroz respondem por 91,6% da produção de grãos no país.

Para Barradas, a safra da leguminosa será suficiente para prover o consumo interno do país neste ano. "Com isso, não deve haver necessidade de importação e é possível observar que os preços do feijão já estão caindo", avalia o pesquisador.

Além disso, a área a ser colhida, no país, caiu 0,2% (ou 125,5 mil hectares), na comparação com a de 2023, totalizando 77,7 milhões de hectares. Houve retração na área do milho (-5,8%), do trigo (-6,6%) e do sorgo (-4,4%).Ante a estimativa de fevereiro, a queda foi de 0,4% no país, o que representa 286,0 mil hectares.

Estimativa da Conab

Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou a 7ª estimativa da safra de grãos 2023/2024, também nesta quinta-feira (11). O levantamento aponta que a produção de grãos no País deverá atingir um total de 294,1 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 8%, referente à temporada passada. Ou seja, 25,7 milhões de toneladas a menos a serem colhidas.

Segundo a Conab, com uma área estável estimada em 78,53 milhões de hectares, a quebra se deve, sobretudo, à atuação da forte intensidade do El Niño. Este ano, o fenômeno teve influência negativa, desde o início do plantio até as fases de desenvolvimento das lavouras nas regiões produtoras do País. Isso impactou na produtividade média que saiu de 4.072 quilos, por hectare (kg/ha), para 3.744 kg/ha. E o comportamento climático continua como fator preponderante para o resultado final do atual ciclo.

Comparando os dados com a previsão anterior da Companhia, divulgada no início de março, há uma redução na produção total de 1,52 milhão de toneladas, com as maiores quedas observadas no milho, 1,79 milhão de toneladas, e na soja, 336,7 mil toneladas. Por outro lado, confirma que arroz, algodão, gergelim, sorgo, e, principalmente, feijão apresentam perspectivas de aumento de produção em relação ao último levantamento.

Segunda safra e mercado

Principal cultura cultivada na segunda safra, o milho tem produção total estimada em 110,96 milhões de toneladas. Neste total, 85,62 milhões de toneladas é a estimativa para a segunda safra. Já no caso do feijão, que possui 3 ciclos de cultivo dentro da temporada, a expectativa é que a segunda safra tenha um acréscimo de 18,4% na produção, com uma colheita estimada em 1,5 milhão de toneladas, para uma estimativa de produção total de 3,2 milhões de toneladas. E também é verificado um cenário de recuperação para o arroz. Com a área de plantio estimada em 1,5 milhão de hectares, 4,4% superior à da safra anterior, estima-se uma produção em 10,57 milhões de toneladas, 5,3% acima da obtida no ciclo anterior.

Quanto ao mercado, neste levantamento, a Conab ajustou as estimativas de exportação para o milho, na safra 2023/24, já que a produção total do cereal foi reduzida. Com isso, a nova expectativa é de um volume de 31 milhões de toneladas embarcadas, 43,3% inferior ao obtido no ciclo passado. Já o consumo interno está projetado em torno de 84 milhões de toneladas do grão.

No caso do feijão, o aumento na produção possibilita um incremento no estoque de passagem da leguminosa. Já para o arroz, as projeções no quadro de suprimentos permaneceram praticamente estáveis, considerando que a Companhia estima uma expansão do consumo nacional para 10,5 milhões de toneladas.
 

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