Sem shows, artistas driblam a crise com outras atividades

Sem shows, artistas driblam a crise com outras atividades

Sem shows, artistas driblam a crise com outras atividades

Há pouco mais de dois meses, eles estavam nos palcos garantindo a alegria e diversão da população, fazendo seus shows em festas e eventos promocionais. Hoje, os artistas da região estão precisando se readaptar, não em uma nova posição instrumental, mas sim em outra função fora dos palcos.

Para conseguirem levar o sustento para dentro de casa, muitos tiveram que correr atrás de outro emprego. Isso porque a maioria dos contratos de shows foram suspensos e as festas que aconteciam normalmente todos anos também saíram da programação das prefeituras.

O locutor da Rádio Mania FM, Edmar Henriques da Costa (Acanhado), que já foi proprietário de bandas e ainda realiza shows com a Caravana Sertaneja, ressalta que a crise pegou todos os artistas, mas que os do interior estão sofrendo ainda mais. Segundo ele, o que aparece de shows para músicos do interior é para festinhas, bailes da terceira idade e eventos. Como ninguém está podendo sair de casa, fica muito difícil sobreviver da música.

O frio da madrugada à espera da hora para entrar no palco para o show, agora atinge o artista nas manhãs de serração durante o percurso para a lavoura e nas primeiras horas de trabalho. O transporte na maioria das vezes em carroceria aberta, bem cedo, é um momento de lembranças das épocas de ouro de cantar, dançar e fazer as pessoas mais felizes, principalmente nos finais de semana.

O dia na lavoura começa muito cedo e o tempo todo, alternando entre abrir uma lona, derriçar os galhos, juntar o café na lona, ensacar e carregar para a beira da estrada onde o caminhão vem à tarde recolher. Quase tudo isso, é feito em terreno íngreme exigindo muito esforço para subir e descer carregando peso o tempo todo. As muitas horas que leva para findar o dia é uma eternidade para quem não está acostumado a isso. À tarde, os músculos das pernas já estão distendidos. O braço não tema mais força para levantar a produção ensacada. A vontade é abandonar tudo e não voltar mais, afirma um dos cantores.

Não está fácil adaptar ao novo trabalho, afirma o cantor Valdeci Martins (Cici), que ainda não tinha passado pela experiência. Acostumado a se apresentar em muitos eventos, o cantor Cici foi para a lavoura colher café. Acolhendo a fala de uma amiga, ele afirma: "Quando você for tomar seu cafezinho quentinho e saboroso, lembre-se que para ele chegar até suas mãos, alguém passou por muitos perigos e frio".

Cici narra como é difícil sair cedo para trabalhar na lavoura, enfrentar o frio, almoçar a comida fria e enfrentar o perigo, como os animais peçonhentos. Ele destacou que foi obrigado a buscar essa atividade, a única no momento, porque as contas chegam todo dia, então não há outra maneira de cumprir com os compromissos se não for trabalhando.

O cantor Célio Costa (Celinho do Acordeom), com agendas garantidas nas festas regionais nos estados do ES e MG, com um faturamento digno, é outro que foi obrigado a voltar às suas raízes, indo para a lavoura de café trabalhar, relembrando sua infância nos cultivos cafeeiros de Alto Trindade, em Iúna. "Não tive outro jeito. Tenho meus compromissos, tenho que pagar contas, então tenho que lutar. Se não for a sanfona, o que sei fazer de melhor é trabalhar na lavoura, por isso vou tocando em frente", afirma.

Outro artista que segue a mesma estrada é Justino Leandro. Músico desde os 16 anos de idade, há mais de dez anos na música, chegou a fazer apresentação internacional e nos últimos anos fazia média de 8 a 10 apresentações por mês, o que segundo ele, garantia um ganho à altura para dar dignidade à família. Com a chegada da pandemia, tudo parou e até o auxílio emergencial do Governo Federal não foi liberado. Por isso, teve que voltar às raízes, de onde saiu, quando ajudava seu pai na lavoura. Hoje está sobrevivendo com o que ganha na colheita de café.





Lives

Alguns músicos que ainda estão tentando se manter por meio da música tem buscado uma saída com a realização de lives, assim como tem sido feito por grandes artistas como Gustavo Lima, Bruno & Marrone, César Menotti & Fabiano, entre outros.

Por meio dessas apresentações ao vivo que chegam a 4 ou 5 horas de duração transmitidas pelo Youtube, os artistas conseguem incluir patrocínios para manter sua renda.

Um exemplo é a dupla Matheus & Guilherme, que conta com cantores de Iúna e Irupi, respectivamente. Eles já realizaram três lives, tendo a última alcançado 7,4 mil visualizações.

De acordo com Matheus Fonseca, além da renda dos patrocínios, eles também fazem o papel social de arrecadar cestas básicas para instituições de caridade. "Entretanto, é difícil manter um padrão de lives por causa de lives de famosos na mesma data que às vezes nos atrapalham ter grande visibilidade, e também respeitando a data em que os amigos marcam", explica.

 

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Sexta, 01 Novembro 2024

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