O voto como ato de vontade livre
Por Valter F. Oliveira, mestre em filosofia, advogado e professor
O voto é a manifestação de vontade livre ou preferência que fazem os participantes de uma eleição. Por sua vez, a democracia se funda na soberania popular e na liberdade eleitoral. De fácil percepção, que tanto na definição de voto, quanto na de democracia, a liberdade de escolha está presente. Então, se ao eleitor são tolhidas as suas liberdades individuais, estará ele sob o jugo do tirano, que é o pior governo, já que exerce forte influência sobre os cidadãos e de forma irresistível.
No Brasil muitas conquistas demoraram até serem implantadas e o voto foi uma delas. Não faz muito tempo em que apenas os homens votavam e ainda assim vivíamos sob o crivo do coronelado em que, e principalmente, no interior, o voto pertencia à classe econômica dominante e, portanto, o voto estava sempre direcionado aos seus próprios interesses ou de seus apaniguados. São classes usurpadoras da vontade do cidadão.
Não podemos deixar de mencionar outra prática também corriqueira e não menos nefasta, que são a compra e a venda de votos. Aqui há crime eleitoral por parte de quem compra e de quem vende seu voto. Tais práticas são igualmente execráveis.
Quando um candidato compra um voto, por certo, é pessoa sem qualquer principio ético e moral, portanto, se eleito, tratará a coisa pública como se sua fosse, buscando apenas interesses pessoais ou de seus apadrinhados. Por outro lado, quem vende o seu voto, também não se preocupa com o que vai acontecer e certamente também será prejudicado. A junção dessas duas práticas, por sua vez, reúne as piores espécies de pessoas, pois leva ou pode levar para as Casas Legislativas ou para o Poder Executivo políticos sem nenhum escrúpulo ou compromisso ético e moral que direta ou indiretamente irão interferir em nossas vidas.
Essas práticas são perversas e se complementam, já que com elas teremos como vencedores o corruptor e o eleitor que vende seu voto e, como derrotados, os cidadãos de bem. Mas não é só isso. É perverso também já que retira, talvez, uma das mais caras atividades do cidadão.E por qual motivo? Porque na vida, poucas vezes, é possível ver na prática uma ação que tem o mesmo valor agregado: de vontade, de liberdade de escolha, de igualdade, já que o voto livremente dado, por um rico ou por um pobre, por um cidadão de pouca ou de muita cultura, tem o mesmo peso. E nesse momento, apenas nesse momento, todos nós eleitores nos tornamos pessoas iguais, e a igualdade é um valor que deve ser reverenciado.
No momento em que se aproximam as eleições, chega também com ela a esperança de um país melhor, sem corrupção, de mais conquistas sociais, de respeito às Instituições, de dar um basta aos candidatos ficha suja. Assim sendo, devemos valorar o nosso voto ética e moralmente, já que todos seremos cúmplices daqueles que elegeremos para os vários cargos nas próximas eleições. Eleição é escolha, e devemos ao País a escolha certa, pois só assim caminharemos rumo ao progresso e ao respeito à coisa pública. Parafraseando Ghandi "comece por você a mudança que quer ver no mundo".
Por Valter F. Oliveira, mestre em filosofia, advogado e professor
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