Não se engane
Eleições municipais não são um farol da presidencial (1)
Entram eleições e saem eleições e algumas mentiras são inevitáveis de escutarmos dos analistas de política de rádio, TV, jornal e internet. A mais usual é dizer que as eleições que acontecem no plano municipal já seriam um cheiro do que nos aguarda a próxima, presidencial, daqui a dois anos. Analistas políticos, assim como comentaristas de futebol, têm que se esforçar para preencher a programação, então costumam repetir mantras ou elucubrações sem fundamento. Tagarelismo puro. Vamos a alguns pontos nevrálgicos:
1º) "Bolsonaro perdeu com essa eleição". Inverdade. O presidente não apoiou explicitamente nenhum candidato. O máximo de esforço se deu entre uma live de internet ou outra. Nada de gravar vídeos específicos, pedir doação de campanha, participar de comícios ou algo do gênero. Mutatis Mutandis, Bolsonaro também não elegeu nenhum prefeito em 2016, mas em 2018 sabemos qual fim levou a eleição presidencial.
2º) "O PT morreu e o PSOL apareceu em seu lugar". Meia verdade. O maior triturador de votos do Brasil ainda é o antipetismo. A velha esquerda vinda do chão de fábrica perdeu força, realmente. Surgiu a nova esquerda, agora com pautas identitárias, progressistas e com um discurso que ainda encanta jovens eleitores. Mas não se engane. Marxismo cultural é isto. Se a velocidade de queda de um continuar na mesma velocidade de subida do outro daqui a 10 anos todos os políticos do PT terão ido para o PSOL. A cobra muda de pele quando é necessário. Comunista não entra em um hipódromo apostando em uma só cabeça de cavalo. São mais articulados que a direita, entre outras coisas, porque estudam muita dialética. E isso faz toda diferença quando o assunto é sobrevivência.
3º) "MDB, PP e PSD vêm forte para 2022 porque tem mais prefeituras". Inverdade. Em eleição presidencial pouco importa o seu partido, pois ela é personalista. Vota-se em uma pessoa, e não em um partido ou ideologia. O Brasil votou em FHC, não no PSDB. Votou em Lula quatro vezes, não no PT. Votou em Bolsonaro uma vez, e não no PSL. A dinâmica eleitoral, principalmente em cidades pequenas, se baseia, quase que exclusivamente, na compra de votos. Grande parte dos vereadores só se elege com essa operacionalização. O analista da GloboNews twittou: "compra de votos só é vista nos mais cruéis grotões nordestinos". Coitadinho. Exalando ingenuidade em rede nacional ao acreditar que a prática é situação regionalizada e só atinge os mais pobres. Quantas pessoas instruídas você conhece que venderam o voto de maneira direta (dinheiro vivo em mãos) ou indireta (promessa de emprego, tratamento de saúde ou até favorzinho) pura e simplesmente? Pois é. Seguirei com mais pontos na próxima coluna.
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