Impeachment nunca é o impeachment

Impeachment nunca é o impeachment

"quero mesmo é namorar a namorada do meu amigo"

Palavra de difícil dicção mas que alimenta a esperança dos sem voto

Lula não sairá candidato se não tiver uma clara expectativa de vitória. Sabe que não vale a pena arriscar sua popularidade – e seu ego – em uma jornada que possa perder nas urnas e com isto levar a pecha de caudilho de terceiro mundo já ultrapassado. Sabe que precisa de alguma vantagem nas pesquisas de, no mínimo, 10% percentuais sobre Bolsonaro. O empate é do Jair. Sim, pessoas que odeiam os dois tendem a cair para o lado do atual presidente. No jogo da rejeição, Bolsonaro ainda leva vantagem.

Sem essa vantagem, Lula não vem. Na semana passada o IPEC (ex-Ibope) deu Lula com 49% das intenções de voto. Bolsonaro teria 23%. Os outros candidatos estariam esmagados sem qualquer chance. O problema dessa diferença é que ela tende a cair. O que demonstraria uma perda de fôlego da campanha de Luís Inácio, por mais que a diferença ainda continue grande.

Essa semana saiu a pesquisa da XP: 35% de Lula e 28% Bolsonaro. A vantagem segue grande, mas já foi reduzida. Claro que há diferenças metodológicas entre os institutos, mas sempre cai como uma má notícia qualquer que seja uma redução de diferença quando se está na frente. Minha aposta é: com apenas 30% nas pesquisas Lula não vem. Na Argentina a ex-presidente preferiu não vir como cabeça de chapa. Colocou um peão à sua frente e veio de vice. A estratégia deu certo. Lula pode tentar isto? Creio que sim.

Um grande desafio do líder das pesquisas hoje é que o jogo ano que vem terá novas regras e novas variáveis. Ninguém estará trancado dentro de casa com medo de pandemia, a economia tende a deslanchar e a retomada dos empregos – disparada a principal variável que influencia o eleitor – possivelmente acontecerá. Arrecadação de impostos federal alcançou em abril de 2021 seu maior pico nos últimos 20 anos: vai haver dinheiro para aumento do funcionalismo púbico e do Bolsa Família.

O PT passou todos os anos Collor (2,5 anos), FHC (8 anos) e Temer (2,5 anos) pedindo impeachment deles. Não seria diferente agora. Tucanos já foram nazistas, Collor já foi fascista e Temer já foi quadrilheiro. Bolsonaro ainda é genocida porque chegou o SARS-Covid. Tentar colocar o general Mourão na cadeira presidencial é tentar colocar um político fraco sem densidade popular e facilmente liquidável em 2022. O pedido de impeachment tem apenas um propósito: aniquilar Bolsonaro agora para que ele não surfe a onda econômica que está por vir. Se o PT acreditasse de fato que as pesquisas retratam a realidade de 2022, não se interessariam tanto pela cadeira presidencial hoje e aguardariam a vez. Porém...

 

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Quarta, 04 Dezembro 2024

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