Clientes e sócios se misturam nesta nova forma de relacionamento
No princípio o homem era dono dos 3 fatores necessários para produzir: terra, capital e trabalho. Pense em um artesão. Ele operava dentro da própria casa (terra), era dono da lã e das agulhas (capital), e só precisava do seu próprio esforço para concluir o produto (trabalho). Veio a Revolução Industrial e quebrou esta síntese. O trabalhador começa a trabalhar em um lugar que não lhe pertence, usar um maquinário que também não é seu e só lhe restou o trabalho. Dai surgiu a expressão cunhada por Marx e Engels de "o trabalhador agora é um alienado".
Este paradigma agora está sendo alterado. O velho trabalho assalariado, com horas de trabalho controlados pelo patrão, "direitos trabalhistas" e tudo o quanto significa a expressão "trabalho" hoje, será drasticamente modificado nos próximos anos. E quem fará isto é a economia compartilhada. A maior rede de hotéis do mundo não tem um quarto, Airbnb. A maior frota de veículos hoje não tem um carro, Uber. A maior locadora de vídeos não tem uma loja, Netflix. Todas estas empresas operam no sistema de economia compartilhada. Basicamente quase ninguém é funcionário de carteira assinada. Os colaboradores prestam algum serviço e são remunerados por isto. Fez, ganhou. Não fez, não ganhou. Quer ficar 1 mês sem trabalhar e sem ter que dar satisfação a ninguém? Fique a vontade.
Alguns "funcionários" trabalham quase de graça. Como por exemplo o Waze, aplicativo de celular que funciona como um GPS e é alimentado pelos próprios usuários para sugerir rotas e anunciar acidentes na estrada. Quem usa uma vez, não consegue mais nem ir ao quarteirão do lado sem usá-lo. Já o iFood funciona como um mercado de comidas bem atraente. Ao invés de cada restaurantezinho criar o seu próprio aplicativo e gastar dinheiro com anúncios, basta se associar ao iFood para estar a um clique de milhares de usuários por perto.
Nem tudo são flores. Quando a Revolução Industrial começou houve muitos protestos. Alguns grupos começaram até mesmo a quebrar máquinas, como os Ludistas. Alegavam que as máquinas acabariam com todos os empregos. Bem, não acabaram. E ninguém consegue imaginar um mundo hoje sem máquinas. Com a economia compartilhada acontecerá a mesma coisa. O país que criar maiores rejeições ao seu desenvolvimento pagará um preço substancial no futuro.
A nova dinâmica será procurar um sócio, e não um emprego. É procurar alguma tarefa, e não uma carteira assinada. É buscar oportunidades, e não correr delas.