Caparaó pede delegacias e serviço médico-legal em audiência pública
Audiência da Comissão de Segurança da Assembleia foi realizada nessa quinta-feira, em Iúna
Em audiência pública para discutir o combate à violência no Caparaó capixaba, a Comissão de Segurança recolheu reivindicações para instalar delegacias regional e da Mulher e Instituto Médico-Legal (IML), além de pedido para aumentar o efetivo policial. O encontro, que aconteceu na Câmara de Vereadores de Iúna, foi organizado pelo deputado Coronel Weliton (PTB) e comandado pelo presidente do colegiado, deputado Delegado Danilo Bahiense (PTB).
Participaram do debate o ex-deputado Gilson Lopes, o prefeito de Iúna, Romário Batista Vieira e demais autoridades regionais, moradores da região, além de representantes das polícias Civil e Militar e membros da Ordem dos Advogados do Brasil em Iúna (OAB/ES).
Autoridades da região afirmaram que o aumento da violência tem tirado o sono da população. "Somente Iúna, município que conta com 12 mil habitantes, registrou cerca de 100 ocorrências de janeiro a maio deste ano. Além disso, a delegacia da cidade está sendo reformada e conta com poucos policiais. Essa é a estrutura que atende também as localidades de Ibitirama, Irupi, Muniz Freire, Ibatiba e Brejetuba. Os seis municípios somam 100 mil moradores", afirmou o prefeito de Iúna, Romário Batista Vieira (PP).
"Em 2022 tivemos oito ou nove homicídios, 2023 está na metade e já tivemos 23. A nossa grande preocupação é com nossa cidade. Por tudo o que vem acontecendo, temos de achar um caminho para que possamos viver em segurança. É o mínimo de que a nossa população precisa", completou o gestor.
A falta de uma delegacia regional que funcione 24 horas é uma das maiores reclamações da população, que encontra dificuldades para registrar as ocorrências. Também foi cobrado o aumento do efetivo policial, a instalação da Delegacia da Mulher e do Instituto Médico-Legal.
De acordo com o vereador Emanuell Garcia de Amorim (Republicanos), a estrutura precária e o pequeno efetivo não suportam a demanda. "Nossos policiais sofrem porque uma viatura tem de sair de Iúna para levar um detento até Venda Nova do Imigrante. Essa viatura fica horas por lá e nós ficamos desassistidos aqui. Também é necessário instalar uma Delegacia da Mulher para atender toda região do Caparaó. E (precisamos) de um Instituto Médico- Legal aqui, porque a população, quando perde um ente, sofre durante mais de dez horas para a liberação do corpo", afirmou o vereador.
"Muitas pessoas são vítimas e não registram a ocorrência porque sabem que a investigação não irá adiante, porque não há efetivo para isso por aqui", alertou o vereador José Carlos Nunes Moreno (Podemos).
Segundo o deputado Coronel Weliton, o enfrentamento à criminalidade depende de trabalho conjunto. "Não encontramos soluções fáceis para problemas difíceis. É preciso que toda a sociedade, as instituições e o Estado se unam. É necessário que todos estejam engajados nessa missão. Tem que ser uma força conjunta, principalmente no que diz respeito aos investimentos e infraestrutura que garantam cobertura e apoio operacional aos policiais militares e civis", declarou o parlamentar.
Ele criticou o Teleflagrante, programa criado pelo governo do Estado no qual delegado e escrivão fazem o atendimento da ocorrência de forma remota, por videochamada. "É inadmissível que o governo do Estado insista nesse Teleflagrante. A Polícia Militar já trabalha com efetivo reduzido. É uma falta de respeito com a segurança pública. É preciso que o secretário de Segurança resolva isso urgentemente", disse o deputado.
Políticas públicas
A necessidade de investimentos em educação e assistência social no enfrentamento à violência foi colocada em discussão. Moradores da região cobraram mais políticas públicas voltadas para pessoas em situação de vulnerabilidade social, principalmente na infância.
"Para a gente discutir segurança pública, precisa falar da coisa de forma profunda. Será que queremos mais presídios? Quando falamos em políticas públicas que abarquem esses indivíduos no nascedouro, como vamos ressocializar alguém que sequer foi socializado? São pessoas invisíveis. A criança pobre precisa, muitas vezes, de ajudar a família. Se não tratarmos as coisas de forma que a maioria das pessoas sejam alcançadas", afirmou a policial militar aposentada Rosa Elaine.
Bahiense considerou a reunião como produtiva e disse que um relatório será enviado às autoridades solicitando providências. "Verificamos que as regiões no interior têm demandas semelhantes, como aumento do efetivo policial, melhor vigilância no campo e combate ao crime contra o patrimônio. Vamos alertar as prefeituras, o governo do Estado, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça para que possam nos ajudar no trabalho para melhorar a segurança", concluiu o deputado.
Fonte: Ales / Por Silvia Magna, com edição de Angèle Murad.
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