Diabetes é fator de risco para várias doenças
Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), insuficiência renal, cegueira e amputação de pernas e pés. Esses são alguns dos problemas que um paciente diagnosticado com diabetes pode ter caso não tome os devidos cuidados. O alerta é da médica endocrinologista Rachel Torres Sasso, coordenadora do Serviço de Apoio e Assistência aos Diabéticos e seus Familiares (SAD) da Santa da Casa de Misericórdia de Vitória.
"O diabetes quando não tratado adequadamente pode promover complicações crônicas tardias com alteração nos vasos sanguíneos e nervos, chamados vasculopatia e neuropatia diabética. Como temos vasos e nervos em todo o corpo, um diabético descompensado cronicamente pode apresentar várias comorbidades", explica.
Para ela é fundamental que os diabéticos tenham acesso aos serviços de saúde e aponta que deveriam existir campanhas de rastreamento e diagnóstico da doença em todo o país. "Após diagnosticado o diabetes a pessoa deveria ter a garantia do tratamento com médico endocrinologista, além de uma equipe multidisciplinar para o adequado controle da doença, que é crônica e para sempre, pois ainda não existe cura, e sim tratamento", afirma.
Segundo a coordenadora do SAD é muito importante promover a "educação em diabetes", considerada o pilar para o sucesso do tratamento dos pacientes. Entre os cuidados básicos para manter a saúde em dia estão uma alimentação saudável, a prática de atividade física regular e o uso de medicamentos, que podem ser orais ou injetáveis, dependendo do caso.
Quem está sempre atento às condições de sua saúde é o enfermeiro Luiz Rafael Vidal Luz. Hoje com 33 anos de idade, ele descobriu que tinha diabetes aos 10 anos. "É sempre um desafio, mas em todo esse tempo aprendi muito e a cada dia aprendo mais", esclarece. Ele, inclusive, realiza trabalho voluntário como educador em diabetes na Associação dos Diabéticos do Espírito Santo (Adies).
Vidal fala que o tratamento dele consiste na utilização de uma bomba de insulina e de um sensor de glicose. "Passei por vários tratamentos e hoje tenho um ótimo controle, porém, também preciso de cuidados como uma boa alimentação, realizar a contagem de carboidratos e pesar os alimentos, mas com o tempo a gente se acostuma e tudo vira automático", diz.
Diabetes e Covid-19
Em tempos de pandemia do novo coronavírus os diabéticos precisam redobrar a atenção porque estão no grupo de risco para desenvolver os quadros mais graves da Covid-19, especialmente, os mais idosos e os que não têm a doença controlada. Um dos motivos é que por conta da taxa de glicose alta o sistema imunológico acaba fornecendo uma resposta menor ao vírus SARS-CoV-2.
"O diabético é considerado de alto risco e pode descompensar clinicamente muito fácil. É necessário manter os cuidados e as orientações do seu médico para evitar qualquer tipo de intercorrência, não apenas da Covid-19. Por ser uma pessoa de alto risco, tendo Covid, pode facilmente evoluir para uma fase grave da doença", reforça Rachel Sasso.
Já Vidal conta que vem tomando vários cuidados e evitando aglomerações. Desde março ele está prestando trabalho na modalidade de home office e está observando todo e qualquer sintoma da Covid. "Acredito que temos que nos adaptar às situações. O diabético com cuidados diários e atenção vive normalmente. Não deixo de fazer nada porque tenho diabetes tipo 1. Faço tudo que qualquer pessoa faz", frisa.
Tipos
De modo geral o diabetes apresenta sintomas como sede e fome excessivas, vontade de urinar várias vezes por dia e cansaço. Dependendo do tipo, ainda podem ocorrer perda de peso, mudanças bruscas de humor, náusea, vômito, demora na cicatrização de feridas, disfunção sexual e infecção na bexiga, pele e rins.
Basicamente existem dois tipos de diabetes mellitus. O chamado Tipo 1 afeta principalmente crianças e adolescentes. É uma doença autoimune que se caracteriza pela falência das células do pâncreas que produzem a insulina. Esse hormônio tem a missão de despejar a glicose dentro das células para geração de energia e a falta do mesmo permite que a glicose fique concentrada no sangue.
No caso do Tipo 2 geralmente as pessoas mais acometidas são as que têm mais de 40 anos e as com quadro de obesidade. A principal causa é a resistência à insulina, geralmente causada pelo excesso de peso ou obesidade. Um dos principais traços é a hereditariedade e, por isso, são frequentes vários casos na mesma família. Aproximadamente 90% dos casos de diabetes são desse tipo.
"O diabetes tipo 1, por ser uma doença autoimune, não temos como prever seu aparecimento. Já o tipo 2, como tem o fator hereditariedade marcante e a obesidade como o principal fator ambiental para desencadear a expressão clínica da doença temos como evitar ao assumir um estilo de vida saudável, com alimentação adequada, atividade física regular e mantendo o peso dentro da faixa considerada ideal", avalia Sasso.
Também existe o diabetes gestacional, que aflige grávidas em virtude de hormônios produzidos pela placenta, o que acaba elevando a quantidade de açúcar no sangue da mulher; e o pré-diabetes, um estágio mais intermediário, mas que se não for devidamente cuidado pode evoluir para a concretização da doença no indivíduo.
Fonte: Assembleia Legislativa