O Presidente fala sobre a importância do turismo para o ES no contexto da Reforma Tributária, fala sobre os principais gargalos do ES na área e do trabalho da Frente Parlamentar Mista da Hotelaria Brasileira no Congresso Nacional, liderada por capixabas
Nessa entrevista, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), Nerleo Caus, fala sobre os prejuízos ao setor, caso a decisão não seja revista pelo Governo do Estado. Ele explica, ainda, a importância do turismo para o ES no contexto da Reforma Tributária, fala sobre os principais gargalos do ES na área e do trabalho da Frente Parlamentar Mista da Hotelaria Brasileira no Congresso Nacional, liderada por capixabas.
Quais os impactos dessa redução?
O prejuízo para o Espírito Santo é enorme, porque essa redução vai contra tudo o que a sociedade civil organizada tem feito para pôr o estado na prateleira mais alta do turismo nacional. E nós não conseguiremos mudar de patamar sem a presença do Governo do Estado.
Essa redução é ainda mais grave no contexto da Reforma Tributária, no qual o turismo é a única opção econômica para o Espírito Santo. Uma das mudanças preconizadas pela Reforma é a criação do novo imposto sobre o consumo, que terá tributação no destino. Como temos uma população muito pequena e nossa indústria tem baixa participação nacional, o turismo passou a ser uma opção compulsória para o nosso estado. Logo, a redução do Orçamento é um retrocesso para o ES.
O Orçamento menor pode representar desemprego no setor?
Ainda não podemos dar uma previsão nesse sentido. O fato é que menos recursos significa menos investimentos, por exemplo, em divulgação e convênios, e isso é preocupante. A gente precisa lembrar que o turismo é uma locomotiva que puxa outros setores, como hotelaria e eventos. A gente espera que essa decisão do Governo do Estado seja revista.
A Frente Parlamentar da Hotelaria no Congresso é liderada por capixabas. Como o senhor vê a redução do Orçamento no contexto desse movimento nacional?
A Frente Parlamentar Mista da Hotelaria Brasileira no Congresso Nacional, lançada oficialmente no último dia 03, foi uma ideia da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do ES (ABIH-ES). Nós, capixabas, estamos liderando as discussões nacionais a respeito do tema. Estamos na vanguarda do movimento, com o deputado Gilson Daniel presidindo a Frente. Nesse contexto, a redução do Orçamento é um duro golpe em todo esse trabalho.
A gente precisa lembrar que temos enormes desafios a superar, que nos colocam atrás de outras unidades da Federação. Tivemos avanços nos últimos anos, como a inauguração do novo aeroporto de Vitória, um dos mais bem avaliados do País, mas ainda precisamos avançar muito.
Quais são os principais desafios do ES no turismo?
Eu venho batendo já há alguns anos em algumas teclas, como, por exemplo, a falta de um espaço multifuncional para a realização de eventos, feiras e congressos de grande porte aqui no ES. Hoje, apenas 3% do turismo no estado advém da área de eventos. A concessão do Pavilhão de Carapina é uma boa ação, mas insuficiente.
Um outro ponto que pesa contra nós é a falta de um calendário plural de eventos, o que nos garantiria previsibilidade e planejamento. Hoje, temos grandes atrações aqui no estado, como a Vitória Stone Fair, as Dez Milhas Garoto, os Passos de Vitória e o Vital, que voltou com força total. No entanto, temos que diversificar nosso calendário.
Também venho falando há muito tempo das deficiências de infraestrutura do ES. O novo aeroporto de Vitória, sem dúvidas, foi uma grande conquista, mas precisamos avançar. A duplicação da BR 262 é um dos gargalos do Espírito Santo, e é justamente a via de acesso a lugares de grande potencial turístico, como Pedra Azul. Precisamos lembrar sempre que o turismo é a única opção do estado com a Reforma Tributária.
Por que o senhor acha que o turismo é, por vezes, menosprezado?
Acredito que tem a ver com a falta de retorno político, e aí não faço uma crítica a nenhum governo em especial e nem generalizo a questão. Mas o fato é que muitas vezes o turista é visto só como alguém de fora, alguém que não precisa ser "conquistado", porque não vota no destino e, sim, no seu estado de origem. Temos que mudar também essa mentalidade em nosso estado.
Fonte: Assessoria