Transportadores escolares querem auxílio
Os transportadores escolares participaram da reunião da Comissão de Cooperativismo e pediram o apoio dos deputados para a criação de um auxílio financeiro para a categoria. Nesta terça-feira (6), representantes de cooperativas de transporte escolar e da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB/ES) se reuniram de forma virtual com os deputados para debater sobre a possibilidade de criação do benefício.
De acordo com o assessor de Relações Institucionais da OCB/ES, David Duarte Ribeiro, são cerca de 5,5 mil transportadores escolares cadastrados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/ES). Destes, aproximadamente 2 mil são cooperados de 15 cooperativas de transporte escolar que atendem 34 municípios capixabas.
A OCB encaminhou para a Comissão de Cooperativismo, e também para a Comissão de Educação e para o governo do Estado, uma proposta de projeto de lei criando o benefício para toda a categoria dos transportadores escolares. Segundo os representantes da organização, além de ser uma ajuda aos trabalhadores – que há mais de um ano sofrem perdas em seus rendimentos com a paralisação das aulas presenciais devido à pandemia –, é uma forma de movimentar a economia.
"Fizemos uma pesquisa, em 2019, entre as cooperativas. A gente fez um levantamento e 67% do que os cooperados tinham de receita movimentavam a economia do próprio município. Além do pagamento do ISS (Imposto Sobre Serviços, recolhido pelas prefeituras), ainda havia a movimentação da economia local. Vivemos uma situação em que todos perdem", frisou Ribeiro.
O superintendente da OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, alegou que o setor de transporte escolar não foi beneficiado por nenhum programa federal nem estadual, diante da pandemia de Covid-19. "Já tem um ano que as cooperativas de transporte pagam um preço pesado e salgado demais. Essa conta está quase impagável. O pedido que a OCB faz é que a Assembleia Legislativa nos ajude a sensibilizar o governador e sua equipe", clamou.
Cooperados
Representantes de várias cooperativas de transporte escolar participaram do encontro virtual. Um deles foi Luis Krause, presidente da Cooperativa de Transportes da Região Serrana (Coopetranserrana), de Santa Maria de Jetibá. Krause falou sobre a insegurança que os trabalhadores enfrentam. Com o fechamento das escolas no ano passado, muitos transportadores ficaram sem renda e acabaram buscando outras formas de se sustentar, principalmente na agricultura.
Com a retomada das aulas presenciais, eles tiveram que deixar o serviço no campo para cumprirem seus contratos de transporte com o poder público. Porém, com a nova suspensão das aulas presenciais, esses trabalhadores ficaram sem renda novamente. "Retornaram as aulas, tivemos que cumprir os contratos, largamos a outra renda e agora ficamos sem renda nenhuma", relatou.
Já o presidente da Cooperativa de Transportes Rural (Cooper-Rural), de Brejetuba, Romério Badaró, questionou por que os transportadores não podem receber seus pagamentos assim como os trabalhadores da educação: "O professor recebe, o diretor recebe, a merendeira recebe, o vigia recebe, o transporte escolar não faz parte dessa corrente?", perguntou.
Sebastião Candido de Sousa, presidente da Cooperativa de Transportes Colibri (Coopetransportes), de Santa Teresa, frisou a necessidade de um auxílio financeiro, não de abertura de crédito, que acaba endividando os trabalhadores do setor. "Financiamento não vai resolver a vida do cooperativismo. Só vai afundar mais", alegou.
Comissão
A deputada Raquel Lessa (Pros) contou que tem sido muito procurada pelo setor. "Há mais de um ano estão parados. Sabemos das despesas que todos estão tendo: motoristas, monitores, contadores, seguro dos carros, IPVA. Sabemos que agora, em abril, começa a regularização na Ceturb (Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros). Precisa estar tudo certinho, regularizado. Vocês não estão recebendo e estão gastando", disse.
O presidente da Comissão de Cooperativismo, deputado Pr. Marcos Mansur (PSDB), propôs que todos os parlamentares integrantes do colegiado assinem o projeto proposto pela OCB. O deputado também sugeriu uma agenda com representantes do governo para tratar do tema. "Vamos pedir uma reunião com uma equipe do governo com agentes que tenham poder de decisão", ressaltou.
Fonte: Assembleia Legislativa-ES