Comunidade se mostrou indignada com o projeto e afirma que não pode opinar em audiência realizada nesta quinta (4). Prefeitura afirma que vai ouvir população
Um projeto de revitalização de uma das principais praças de Guaçuí, apresentado nesta quinta-feira (4), está sendo repudiado por diversos segmentos da população., provocando indignação de muitos No entanto, na audiência, segundo presentes, não foi permitido que as pessoas fizessem questionamentos sobre a intenção da Prefeitura em cortar árvores existentes na praça central da cidade. De acordo, com o que foi apresentado pelo município, elas seriam substituídas por outras espécies.
Segundo a Prefeitura, o projeto prevê a revitalização da Praça João Acacinho e houve espaço para perguntas e manifestações de quem estava na reunião. Contudo, conforme afirma o presidente da Câmara de Vereadores, vereador Valmir Santiago, que estava presente, o que houve foi apenas um comunicado à população. "Acho que esse projeto deve ser levado a mais pessoas, porque o público era formado mais por servidores e precisa ser discutido por toda a sociedade", afirma Valmir Santiago.
De acordo com informações de pessoas presentes à audiência, para a revitalização da praça, será necessário o corte de 47 das 55 árvores existentes no local. Isso provocou a reação de membros da comunidade que não aceitam o corte das árvores centenárias. Além disso, o projeto original da Praça João Acacinho é assinado pelo arquiteto Roberto Burle Marx, apesar de já ter passado por modificações durante os anos. No entanto, no projeto divulgado pela Prefeitura, não se encontra o número de árvores que serão cortadas, mas fala da implantação de novas espécies no paisagismo da praça, o que pressupõe a substituição das existentes no local.
Indignação nas redes sociais
A indignação de alguns moradores de Guaçuí ficou registrada nas redes sociais, incluindo até uma nota de repúdio. Em uma das publicações, o cidadão afirma que "essas árvores não são apenas parte da paisagem, são testemunhas vivas da história e da identidade de nossa comunidade. São símbolos de nossa ligação com o meio ambiente e nossa responsabilidade de preservá-lo para as gerações futuras. (...) Não podemos permitir que isso aconteça".
Na nota de repúdio, os "Cidadãos Conscientes de Guaçuí" – que a assinam – se manifestam, "veementemente", contra o "projeto de obra de revitalização da praça projetada por Burler Marx, a ser executado pela prefeitura de Guaçuí-ES. A proposta de cortar várias árvores centenárias, para dar lugar a tal empreendimento, é não apenas preocupante, mas também alarmante". A nota continua: "as árvores, que há décadas adornam e embelezam nossa praça, não devem ser sacrificadas em nome de um projeto inútil. (...) Além de serem testemunhas vivas da história local, essas árvores desempenham papéis essenciais na manutenção do ecossistema urbano, fornecendo sombra, filtrando o ar e contribuindo para a qualidade de vida de todos os habitantes".
Além da indignação de populares, o projeto também trouxe outras consequências. Quando tomou conhecimento do que estava projetado, o secretário municipal de Meio Ambiente, Roberto Martins, pediu demissão. Ele estava no cargo há sete anos (quatro da gestão da ex-prefeita Vera Costa e três da atual administração do prefeito Marcus Jauhar – proponente da revitalização da praça). Martins também entregou a presidência do Conselho Municipal de Meio Ambiente que não aprovou o projeto. Ele não quis dar declarações à reportagem.
Inventário e contribuições
Um grupo de alunos de graduação e doutorandos do curso de Engenharia Florestal, da Ufes, esteve na cidade, na manhã desta quinta-feira. A equipe levantou dados para a realização de um inventário, com a identificação de todas as árvores existentes na Praça João Acacinho. O resultado do levantamento deve ser apresentado em 90 dias.
Por seu lado, além de afirmar que as pessoas tiveram espaço para se manifestar na audiência realizada no Teatro Municipal Fernando Torres, a Prefeitura de Guaçuí coloca que os cidadãos poderão dar contribuições até o dia 10 de abril, por meio de ofícios, no Setor de Protocolo da Prefeitura, das 8 às 11 horas e das 13 às 17 horas. E admitiu que, na audiência, alguns presentes expressaram preocupações com "alguns aspectos do projeto, como o corte de algumas árvores antigas".
A Prefeitura afirma que as contribuições que forem protocoladas pela população "serão cuidadosamente analisadas pela administração municipal e passarão pelo crivo do Conselho de Meio Ambiente, Conselho da Cidade e Conselho do Turismo". Coloca ainda que "somente após essa etapa de avaliação, será definido se o projeto será aprovado ou se sofrerá ajustes, conforme as sugestões apresentadas pela comunidade".