A sessão já começou tensa, com a presidente ameaçando um popular que se manifestou, de ser retirado pela polícia do plenário
Na última sessão ordinária da Câmara Municipal de Muniz Freire, antes do início do recesso parlamentar de julho, populares desferiram vaias contra a presidente da casa Vilma Soares Louzada. A sessão já começou tensa, com a presidente ameaçando um popular que se manifestou, de ser retirado pela polícia do plenário. Pedindo 10 minutos de fala, a presidente, visivelmente trêmula e esquecendo palavras, usou o tempo solicitado para desferir ataques a colegas parlamentares e à Administração Municipal, usando como um dos argumentos o investimento feito pela Prefeitura na 8ª Festa do Leite e do Queijo de Itaici, que acontecera durante o final de semana.
"Dá vontade até de votar no prefeito, que tão bem que foram feitos os vídeos", ironizou a vereadora (a Prefeitura exibiu durante a festa, institucionais com as realizações de 1 ano e meio de governo, além de resumos dos eventos conforme a festa acontecia). A vereadora também questionou a distribuição das barracas, o que havia ficado a cargo da Comissão Organizadora da Festa, composta por moradores de Itaici e não pela Prefeitura.Desinformada, a presidente também afirmou que o palco alugado pelo município custou "cerca de R$ 2 milhões" e o rodeio "cerca de R$ 1,4 milhão". A qualidade do som também foi alvo de críticas da vereadora. E não faltaram ataques da presidente ao vice-presidente da Casa, que representou a Câmara na festa, já que a presidente não compareceu, e a outros vereadores da base aliada do prefeito Dito Silva.
Abrindo o telão, Vilma Louzada mostrou imagens de máquinas, segundo ela particulares e pagas com dinheiro público, em obras em uma estrada em Assunção. A vereadora também exibiu imagens de um terreno pertencente ao vereador Edmar Pereira Chaves (Guri), com máquinas da Prefeitura estacionadas. No fim da sessão, foi esclarecido que as máquinas utilizam o espaço há anos para ficarem guardadas no local, bem antes da atual gestão, já que o terreno do vereador fica em um local estratégico na comunidade de Córrego Rico.
Os ataques dessa segunda-feira (27) teriam sido motivados pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra o prefeito Dito Silva. O requerimento partiu do vereador Rodrigo Pope (PSB), que já tentou abrir outras investigações contra o prefeito. Sem apresentar provas, diz que a Prefeitura tem um contrato superfaturado com uma oficina localizada em Ibatiba.
No final da sessão, a presidente acatou o pedido de abertura da CPI e encaminhou para a Procuradoria Jurídica da Casa, que teve a assinatura também dos vereadores Agenor Favoreto (PDT), mesmo partido do prefeito; e Roberto Rivelino de Almeida (Cidadania). O público presente, que já vinha mostrando sinal de indignação, explodiu em uma sonora vaia à presidente. "Podem vaiar que eu gosto", respondeu Vilma aos presentes.
Procurada para comentar o assunto, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que a Administração ainda não foi notificada oficialmente sobre a investigação da Câmara e que, no momento, a única preocupação do prefeito Dito Silva é continuar trabalhando pelo município e zelar pela estabilidade política de Muniz Freire.