Na avaliação do senador, seria possível arrumar R$ 20 bilhões apenas com o corte de emendas de relator
"Fala totalmente sem noção da realidade econômica do País", disse Oriovisto à GloboNews. O senador citou o relator do Orçamento de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), que disse ao Estadão na terça-feira, 16, não haver espaço para aumento ao funcionalismo, como quer Bolsonaro.
"No Orçamento não há espaço, na PEC também não há espaço. Acho non sense (sem noção) essa declaração do presidente", disse.
Oriovisto é autor de uma PEC alternativa para tentar resolver o impasse do Auxílio Brasil. O governo precisa de mais R$ 51 bilhões para levar o benefício ao mínimo de R$ 400 até dezembro de 2022. Para isso, conta com a PEC dos precatórios, que muda o cálculo do teto de gastos (regra que limita o avanço das despesas à inflação) e adia o pagamento de dívidas judiciais.
O congressista reafirmou a posição de seu partido, que tem nove senadores, de votar contra a PEC do jeito que está. "Acho que governo sabe fazer conta e sabe que não tem garantia de que será aprovado (o texto)", disse. O senador negocia possíveis soluções com as lideranças de governo. "O resultado exato (das negociações) não consigo dizer ainda, mas que PEC será modificada e voltará à câmara, não tenho a menor dúvida", afirmou Oriovisto.
Segundo ele, uma nova reunião será realizada nesta quarta para tentar costurar um acordo em torno do texto. Uma das preocupações dos senadores é evitar que o governo tenha uma folga fiscal para além do necessário, abrindo margem para uso eleitoreiro dos recursos.
Hoje, a PEC dos precatórios abre R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022, dos quais R$ 83,6 bilhões são efetivamente livres para o Executivo destinar a suas ações. Desse valor, cerca de R$ 24 bilhões irão para a correção de benefícios atrelados ao salário mínimo, devido à inflação maior, e R$ 51 bilhões para o Auxílio Brasil.
Para Oriovisto, o governo "não precisa de tanto dinheiro", pois o Orçamento já tem R$ 34,8 bilhões reservados para o Bolsa Família, agora já convertido no novo programa. "Para chegar ao número mágico de R$ 81 bilhões, precisamos de mais R$ 46 bilhões", disse.
Na avaliação do senador, seria possível arrumar R$ 20 bilhões apenas com o corte de emendas de relator. Tirando os precatórios relativos ao Fundef (fundo de educação básica que antecedeu o Fundeb) do teto de gastos, outros R$ 16 bilhões seriam liberados. "Aí governo pode cortar algo nas despesas discricionárias", afirmou.
"Agora, se quiser fazer PEC para dar emenda, dar reajuste ao funcionalismo, para ganhar a eleição, aí precisa dessa confusão", acrescentou o senador.
Fonte: Estadão.